sexta-feira, 21 de março de 2008

Triunfando

Nomes como Dolomite Straight Eight, 1800 e 2000 Roadster, TR-2, TR-3 e TR-4 já haviam criado a tradição que estava para ser reforçada em 1962. Até então, a inglesa Triumph (triunfo em inglês) já tinha um bom histórico de roadsters quando outro modelo veio engordar essa lista: o Spitfire, que estreou no Salão de Londres de 1962. Seu nome, que poderia ser traduzido literalmente por "cospe-fogo", significa pessoa de temperamento explosivo, mas homenageava um monomotor homônimo da Força Aérea inglesa, usado na Segunda Guerra. A estrada já estava pavimentada pelos TR e seus concorrentes britânicos, como os MG e Austin- Healey, que usavam a receita de carroceria baixa, com dimensões compactas e frente pronunciada.

O Spitfire foi desenhado pelo italiano Giovanni Michelotti, que lhe conferiu traços mais tradicionais que os do Triumph TR-4, que tinha faróis mais centralizados. Ele criou um roadster que poderia se passar tranqüilamente tanto por italiano quanto por inglês. Pode-se até ficar impassível diante de seus traços sauves, mas é impossível achá-los feios. O painel tinha desenho simétrico com instrumentos centralizados para que o volante fosse instalado à direita ou à esquerda. Afinal, os Estados Unidos já eram o maior mercado da marca. Os alvos principais do Spitfire eram o Austin-Healey Sprite e o MG Midget, e ele custava 70 libras menos que o irmão TR-4.

Sua base era o Triumph Herald, que doou a suspensão independente nas quatro rodas. Esse sistema e a direção por pinhão e cremalheira aumentavam sua capacidade de fazer curvas fechadas. Os freios dianteiros eram a disco e o motor de quatro cilindros, também do Herald, tinha 1 147 cm3, produzindo 63 cv, contra 39 cv do original, graças à carburação dupla SU. Atingia 144 km/h, só razoáveis, mas dignos de elogios da imprensa na época, que achavam que ele entregava mais do que o preço sugeria.

As vendas iam bem: mais de 1 250 eram fabricados por mês em 1963. No fim do ano, vieram o teto rígido, a sobremarcha para terceira e quarta e as rodas raiadas. O hábito britânico de mostrar a evolução de seus carros com o nome Mark seguido de número foi adotado pela Triumph com o Spitfire Mark 2 em 1964. Ele tinha 4 cv a mais e o acabamento melhorara, como o carpete no lugar de tapetes de borracha. Para 1966, o Mark 3 recebeu motor de 1 296 cm3 e novos cabeçotes, para atingir potência de 75 cv e máxima de 160 km/h. Antes bipartida, a grade ficou com uma abertura única e o pára-choque dividiu-se em dois. Em 1970, as leis americanas de emissões fizeram a Triumph reduzir a potência para 68 cv. Em outubro de 1970 chegou o Spitfire Mark IV. Na nova traseira, o porta-malas estava maior e o pára-choque, antes dividido em dois, ficou inteiriço. O painel de madeira agora trazia instrumentos atrás do volante. Todas as marchas eram sincronizadas e a suspensão traseira foi aprimorada.

A partir daí o Spitfire teve atualizações modestas, destacando-se o motor 1.5 de 71 cv, que tentava compensar a perda de potência decorrente das cada vez mais rígidas leis americanas de emissões. Em agosto de 1980, o último dos 314 342 Spitfire produzidos encerrou uma carreira triunfante, que fez jus ao nome da marca.

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