sábado, 5 de abril de 2008

Mãos ao Alto !


Uma boa notícia para quem se preocupa com o roubo de carro: está cada vez mais difícil ver seu automóvel sumir na rua. "Aquela figura 'romântica' do ladrão que entrava no carro usando uma mixa (chave falsa), puxava alguns fios e fazia ligação direta está cada vez mais rara", afirma o delegado de furto e roubo de veículos do Rio Grande do Sul, Eduardo de Oliveira. Ele diz que a evolução do aparato antifurto - chaves codificadas, alarmes sofisticados e bloqueadores - tornou a vida dos ladrões mais difícil. Mas, agora, a má notícia: Oliveira explica que isso provocou um crescimento do número de assaltos, colaborando para o aumento da violência nas cidades.
Embora sejam usados como sinônimos, pela letra da lei o furto e o roubo de veículos são crimes bem diferentes. De acordo com o Código Penal, roubo acontece "mediante grave ameaça ou violência a pessoa", quase sempre a mão armada. Já o furto ocorre sem ação violenta - ou seja, na ausência do dono. Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública, de cada dez ocorrências registradas em 2005, quatro eram de roubo e seis de furto. Mas Oliveira explica que a tendência é que o número de roubos a mão armada logo ultrapasse o de furtos.
O domínio do desmanche
Os dados assustam: em 2005, foram levados 357 855 veículos no país - um a cada 90 segundos. Na frota segurada, de 2001 a 2005 o total de roubos/furtos subiu 41%, enquanto essa frota cresceu só 25%. O destino da maior parte deles continuam sendo os desmanches ilegais, onde são retiradas as peças de maior procura para abastecer o mercado paralelo. "O índice de roubos de cada modelo está relacionado à procura dessas peças, levando-se em conta preço, grau de uso e escassez delas no mercado original", diz Marcelo Goldman, diretor da AGF Seguros. É só olhar o ranking abaixo para confirmar que a maioria dos modelos é roubada para ter as peças revendidas. Os outros dois destinos são o uso em outras atividades criminosas (transporte em assalto, fuga etc.) e, em menor escala, a revenda no país (como "dublês") ou no exterior.
Hoje o líder do ranking dos mais roubados do país é a Parati. E o Gol? Bem, em números absolutos, ele é o mais roubado (12 256 unidades no primeiro semestre de 2005), mas a chance de um dono de Parati ficar a pé é maior. De cada 100 Gol, só 1,7 é roubado; de cada 100 Parati, três vão desaparecer. Isso também não quer dizer que ela seja a mais roubada em seu estado. Mais abaixo, no "Mapa do roubo", você verá quais são os preferidos pelos ladrões em dez estados, com base em dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão que centraliza os dados de todas as seguradoras do país.
Mas, se a Parati é a bola da vez, é provável que em breve deixe de ser. "O ranking muda constantemente, porque a procura de peças varia de tempos em tempos. Há alguns anos, as picapes eram bastante visadas. Atualmente os bicombustíveis são bem mais roubados", diz Goldman. O Golf, por exemplo, que até três anos atrás era o dono do posto de mais roubado, hoje não aparece nem entre os dez mais.
Do outro lado da lista, entre os preteridos pelos ladrões, estão modelos mais luxuosos, como Civic, Corolla e Scénic, que não servem para fugas (os ladrões preferem carros menores e mais potentes) nem têm um vasto mercado de reposição de peças.
Segundo a SulAmérica, o perfil dos mais visados também varia com o tipo de delito. O Uno, por exemplo, tem só 8% dos carros levados em assaltos. Outros são mais expostos a roubos, como CrossFox e Brava (83% cada). "A tendência é que os mais velhos ou mais populares, mais fáceis de abrir, liderem as estatísticas de furtos, enquanto os mais novos sejam alvo de roubos", explica Milena Gomes, delegada adjunta de furtos e roubos de veículos do Ceará.
Independentemente do estado em que você mora ou do modelo que possui, nunca é demais usar a velha e boa cautela para proteger seu veículo. Mas o delegado Eduardo de Oliveira ressalta um ponto fundamental, que diz respeito à responsabilidade de todos com a diminuição desses índices: "É sempre importante lembrar que quem compra peças roubadas ajuda a alimentar essa indústria de roubos. Quem pensa estar levando vantagem hoje pode tomar prejuízo amanhã".

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